Confira nossa conversa com o fotógrafo Adilson Moralez, amante da fotografia de viagem, sobretudo de natureza e de aventura, já tendo clicado alguns dos lugares mais remotos do planeta.

Fotógrafo Adilson Moralez

Adilson Moralez é fotógrafo de viagem por paixão desde meados dos anos 90. De espírito aventureiro, adepto do ciclismo e do montanhismo, ele já visitou e clicou inúmeros destinos mundo a fora, dos mais exóticos aos mais remotos. Todas as suas viagens são documentadas em seu blog pessoal, o EcoFotos, onde ele dá muitas dicas valiosas sobre os destinos que já visitou.

Tendo desde então encarado a fotografia apenas como hobby, enquanto trabalhava na área de TI, finalmente em 2017 Adilson decidiu passar a se dedicar profissionalmente à ela em tempo integral, montando a empresa Adilson Moralez Fotografia, que atua em segmentos variados, como fotografia de hotelaria, de gastronomia e social. Além disso, há muitos anos ele vem lecionando fotografia nas horas vagas na escola Techimage, transmitindo a outros entusiastas o seu conhecimento e o seu fascínio por esta arte.

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Confira, a seguir, a entrevista que ele gentilmente concedeu ao Fotografia de Viagem no fim de 2015, antes mesmo que o site estivesse no ar.

ENTREVISTA - ADILSON MORALEZ

Fotografia de Viagem: Como fotógrafo de viagem, como você descreveria o estilo do seu trabalho?

Adilson Moralez: Meu objetivo sempre foi de registar e documentar os lugares por onde passei e estou sempre em busca de lugares não tão convencionais. Quanto mais remoto e diferente, maior o meu interesse.

FDV: Quais fotógrafos são suas principais referências?

AM: Tenho admiração pelos fotógrafos André Dib e Araquém Alcântara.

FDV: Há quem diga que “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Mas, você possui um blog pessoal, onde documenta com textos detalhados suas experiências e impressões de viagem. Em sua opinião, como a arte da fotografia e da escrita podem se complementar?

AM: O meu estilo de fotografia se concentra em mostrar com o máximo de precisão a natureza como ela é, ou seja, minhas imagens praticamente não dão margens para múltiplas interpretações. Portanto, eu evito e dispenso suas descrições e sim tento contar a minha história através delas e deixando que elas descrevam os lugares por onde passei.

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FDV: Outra de suas paixões é o ciclismo. Como ele se relaciona com a sua atuação como fotógrafo? Viajar pedalando, principalmente em grupo, torna mais difícil fotografar as belezas que você cruza pelo caminho?

AM: Eu costumo dizer que a bicicleta é o veículo ideal para se conhecer o mundo. Não tão rápido quando um carro ou moto e não tão lento quanto uma caminhada. Sobre uma bicicleta você consegue observar tudo ao seu redor e, diante de uma cena especial, fica fácil parar para registrá-la. Tanto que minha escolha por pedalar em grupos está na facilidade de poder parar e alcançá-los novamente. Pois grupos sempre se deslocam mais lentamente que poucas pessoas.

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FDV: Você já se aventurou para lugares bem remotos pelo mundo, de difícil acesso, como o campo base do Monte Everest e os cumes do Kilimanjaro e do Aconcágua. Quais principais dificuldades você encontra para fotografar neste tipo de viagem?

AM: Bem, a natureza oferece uma série de dificuldades para a fotografia. Já experimentei foto sub, em cavernas, em corredeiras de rios e em grandes altitudes. Nesse último, os grandes problemas são o peso do equipamento e as baixas temperaturas. No Aconcágua, por exemplo, apesar de todo meu plano de contingência tendo várias baterias, de tê-las mantido vários dias junto ao corpo para preservá-las, no dia do cume cometi um erro básico ao deixar a câmara num bolso externo e a mesma congelou em poucas horas. Tive que usar meu último recurso que foi uma boa e velha câmera de filme que me salvou nas fotos do cume.

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FDV: Como um adepto de viagens de natureza e aventura, para você, muitas vezes, deve ser importante não carregar muito peso consigo. Assim sendo, quais equipamentos fotográficos você prioriza levar quando visita este tipo de destino?

AM: Como gosto de fazer grandes deslocamentos carregando, além do equipamento, barraca, comida, água, roupas, etc., acabo tendo que me adaptar com um equipamento versátil e leve. Por exemplo, no lugar de um conjunto de lentes 35-70mm e 70-200mm, tenho que me conformar com uma 24-105mm, que pesa muito menos e permite excelentes imagens. Para viagens de bike, levo uma câmera "compacta", mas com qualidade semi-profissional.

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FDV: Dos destinos que você já teve a oportunidade de conhecer, quais considera os mais fotogênicos e porque?

AM: Dos lugares que tive o prazer de conhecer os que mais me encantaram foram: no exterior, a Patagônia e, no Brasil, a Chapada Diamantina. A Patagônia pela sua grandiosidade e contrastes e a Chapada pela sua grande diversidade de atrações.

FDV: Como você geralmente organiza os roteiros de suas viagens? Você planeja um itinerário detalhado dia a dia ou prefere viajar com um cronograma mais solto?

AM: Como minha vida profissional na área de TI sempre foi focada em cronograma, planejamento, análise de riscos e datas rígidas, eu transfiro tudo isso para minhas viagens. Um grande exemplo disso foi uma viagem que fiz como minha esposa para o Peru, onde ficamos 13 dias e passamos por 12 lugares diferentes. Ou seja, cada dia um lugar e um hotel diferente e tudo isso de ônibus, com passagens compradas antecipadamente. Tudo saiu como planejado.

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FDV: Para um fotógrafo de viagem, mesmo durante as férias, pode ser difícil se desligar de seu trabalho. Quando você viaja a lazer, você se preocupa em se programar para clicar nos melhores horários, mesmo que isso eventualmente implique alguns sacrifícios como acordar mais cedo ou jantar mais tarde?

AM: Meu objetivo numa viagem é sempre registrar o que ela tem de especial e não importa o horário para isso. Numa viagem ao pantanal acordava todos os dias às 4h30 para estar no local correto para registrar o nascer do sol e os animais no momento de maior atividade.

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FDV: Você também atua como professor em cursos de fotografia. Com sua experiência acumulada ao longo dos anos exercendo esta função, como você identifica em um iniciante que ele tem potencial para se tornar um excelente fotógrafo um dia?

AM: O que diferencia um bom fotógrafo é seu olhar. Hoje em dia, com a evolução da tecnologia, as boas câmaras ficaram muito acessíveis. Porém, o grande diferencial ainda é o olhar e isso a tecnologia não resolve. Em uma análise das fotos após uma aula prática, dá para definir quem será um fotógrafo(a) ou apenas mais uma pessoa com uma câmara.

FDV: Quais conselhos você daria para alguém que quer se tornar um fotógrafo de viagem?

AM: Você precisa treinar o olhar e saber decidir o que deverá ser enquadrado e registrado daquilo tudo que ela esta vendo ao vivo. Além disso, tem que ter disposição de andar, tomar chuva, passar frio, calor, correr riscos, tudo para ter uma boa imagem.